domingo, 19 de maio de 2013

Calabar , traidor ou não ???


Considerado em 2008, o 7° maior traidor da História pela Revista Mundo Estranho,  da Editora Abril, Domingos Fernandes Calabar nasceu em Porto Calvo, Alagoas, então parte integrante da Capitania de Pernambuco, por volta de 1600. Mulato, filho de dona Ângela Álvares, Calabar era estudado, rico e com espírito de liderança, avançou no seu tempo. Mesmo assim, ainda era discriminado pelos brancos portugueses e brasileiros, por sua condição de mestiço e filho bastardo. Possuía engenhos de açúcar, muito dinheiro, estudou em Olinda, era culto e muito bem informado.

Um ponto contraditório na História do Brasil 

Em 1580, Portugal passara para o domínio espanhol. A Holanda era, até então, aliada dos lusos mas, ao contrário, grande inimiga dos espanhóis. Após poucos anos de trégua, em fevereiro de 1630, os holandeses iniciam um ataque contra Olinda, e ai entra Calabar na história, profundo conhecedor do território - composto, no litoral, de baías, mangues, rios e praias - aos quais os neerlandeses estavam acostumados - e no interior pelas matas, às quais este povo costeiro não se adaptara, Calabar muda de lado em abril de 1632, abandona os portugueses e passa a lutar do lado holandes.

Calabar teve papel importante nas investidas holandesas contra os portugueses, Dele afirma Robert Southey (História do Brasil, vol. I, página 349):
Se, cometido algum crime, fugiu para escapar ao castigo; se o tratamento recebido dos comandantes o desgostou; ou, se o que é mais provável, com a traição, esperou melhorar de fortuna, é o que se não sabe. Mas foi o primeiro pernambucano que desertou para os neerlandeses, e se a estes fosse dado dentre todos fazer seleção de um, não teriam escolhido outro, tão ativo, sagaz, empreendedor e desesperado era ele, nem havia quem melhor conhecesse o país e a costa.

Seu auxílio foi tão precioso que até o forte dos Três Reis Magos, no Rio Grande do Norte, caiu sob domínio dos invasores que, com participação direta de Calabar destroem o engenho do Ferreiro Torto. Seu domínio estendia-se, então, do Rio Grande até o Recife. Além de Calabar, aderem à proposta cristãos-novos, negros, índios e mulatos.
Pudsey, mercenário inglês à serviço da Holanda, descreve Calabar com grande admiração:
Nunca encontramos um homem tão adaptado a nossos propósitos (…), pois ele tomava um pequeno navio e aterrava-nos em território inimigo à noite, onde pilhávamos os habitantes & quanto mais dano ele podia ocasionar a seus patrícios, maior era sua alegria.(Robert Southey, História do Brasil, vol. I)
O escritor Assis Cintra, em seu livro A REABILITAÇÃO HISTÓRICA DE CALABAR, demonstra através de estudo documentado que Calabar não foi traidor. A "mudança de lado" se deu por razões ideológicas e não por traição. Calabar teve, como defensores de suas atitudes, nomes como José Bonifácio (Ministro do Tribunal de Justiça do Império e Professor da Faculdade de São Paulo); Joaquim Nabuco de Araújo e Américo Brasiliense de Almeida Melo. Um trecho do livro, o autor trancreve carta que o próprio Calabar enviou a Mathias de Albuquerque: -"Depois de ter derramado meu sangue pela causa da escravidão que é a que vós defendeis ainda, passo para este campo, não como traidos, mas como patriota, porque vejo que os holedeses procuram implantar a liberdade no Brasil, enquanto os espanhóis e portugueses cada vez mais escravizam o meu país. Como homem, tenho direito de derramar o meu sanque pelo ideal que quiser escolher; como soldado, tenho direito de quebrar o juramento que prestei enganado. O meu desenteressa é sabido por aqueles que foram meus chefes. Quises-te confiar-me um honroso posto na frente de vossas tropas. Recusei. Se meus bens se acham em terras ocupadas pela vossa gente, não é visível que só eu tenho a perder com minha mudança de bandeira? Derramei meu sangue por uma causa que reputava santa e que, entretanto, era a da escravidão de minha pátria. É a causa que vos defendeis. Com os seus atos, os holandeses tem provado melhor que os portugueses e espanhois. Enquanto nas terras por vós acupadas existe a mais negra escravidão e tirania, eles (os holandeses) não somente protegem materialmente os naturais do país, como lhes dão até liberdade de consciencia. Em Recife e Olinda, como na Europa, cada um pensa como quer. E entre vós? Vós bem o sabeis. Como o mesmo ardor e sinceridade com que me bati pela vossa bandeira, me baterei pela bandeira da liberdade do Brasil, que é a Holandesa. Tomo Deus por testemunha de que o meu procedimento é o indicado pela minha consciencia de verdadeiro patriota." - Domingos Fernandes Calabar.

Os holandeses foram traidos por Sebastião do Souto, um alagonao a serviço de Portugal, Calabar é capturado e feito prisioneiro. Tratado como o mais vil traidor dos portugueses - Calabar é punido com a morte. Foi garroteado (não havia como montar-se uma forca, naquelas circunstâncias) e esquartejado e as suas partes expostas na paliçada da fortaleza - demonstrando assim a quem mudasse de lado o destino que lhe estava reservado.
Em Porto Calvo, agora sob comando de Arciszewski, os neerlandeses prestaram-lhe honras fúnebres - àquele a quem efetivamente deviam grande parte de seu sucesso.

O compositor Chico Buarque, junto a Ruy Guerra, fez em 1973 uma peça teatral intitulada: "Calabar: o Elogio da Traição" onde pela primeira vez a condição de traidor de Calabar era revisitada.

Hoje, Porto Calvo só tem como monumentos para lembrar a sua importância na História de Alagoas, a Igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação, inaugurada em 1610 (existe no alto de sua fachada, essa data), com seu altar-mor em madeira, originalíssimo e as imagens da sua padroeira, de Cristo crucificado, de Nossa Senhora da Conceição e outras. É a mais antiga da freguesia de Alagoas. Para lembrar Calabar, existem: o chamado Alto da Forca, onde dizem que ele foi enforcado, além de um clube, um bar e restaurante que levam o seu nome. Mas, o importante mesmo é a luta dos filhos da terra para resgatar a memória desse conterrâneo. São publicados livros e outros periódicos, enaltecendo a sua figura. A esperança é de que um dia, ele seja finalmente considero Herói Nacional, como foi Zumbi, outro que os portugueses também consideravam como traidor.

Minha opinião : - Eu li diversos textos, pesquisei na internet sobre Domingos Fernandes Calabar , e para mim ele foi um traidor ... segundo as pequisas ele se fingia ser amigo dos Portugueses '... durante o dia amigo dos portugueses e de noite dos holandeses... " ele tinha um grande conhecimento da área , facilitando a invasão dos holandeses . Muitos dizem a mas Calabar não foi um traidor pois foi graça a ele que o brasil hoje é assim , mas quem sabe se ele não tivesse traído os Portugueses o Brasil fosse um país desenvolvido .

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